O sol derrama no meu quarto pelas manhãs. Logo que acordo, arrumo a cama, me espreguiço longamente e abro a janela. Escancaro, na verdade. Nessa hora, a luz ainda entra tímida, esboçando uma que outra sombra, como quem pede licença. Enquanto os raios não ultrapassam os edifícios que atrasam nosso encontro, passo meu café com calma, pra voltar pra cama hipnotizada pelo laranja quentinho e confortável do alvorecer. Enquanto vivo de lembrar, meu calor vem todo do sol. Mas que saudade de queimar.
Eu e minha casa vivemos numa espécie de simbiose. Me perco e me misturo nas cores, nas texturas, nos cheiros. Eu atravesso ela, ela me perpassa, e nos encontramos no meio, combinadas. Me descubro e me manifesto nas paredes, com tinta e com linha. Me transformo e me revelo nas ausências. Me permito imaginar o futuro, com as mãos apertando o tapete macio – minha forma sutil de agarrar o presente. Acendo um incenso e observo a fumaça, que sobe em linha reta, estável. Aqui eu posso ser vulnerável, como a fumaça que treme quando abro uma fresta da janela. Posso ter e ser meu próprio tempo. Posso decidir e mudar de ideia, quantas vezes forem necessárias. Eu bebo vinho e faço bagunça, leio um livro, desisto, danço e canto pela casa pra minha plateia invisível, preparo banquetes e como por dias, corto cebola e choro, e choro sem cortar cebola, dou gargalhadas e ligo pra alguém que amo, e lembro dos amigos sentados no chão da sala, rindo, e de jantares pra dois, e de lençol limpinho e do vento macio que entra pela janela à noite. Continuo vivendo – mas sempre lembrando. Se as paredes pudessem falar, diriam que aqui mora uma pessoa feliz ❣️
Se o equilíbrio tivesse sabor, seria de torta de banana com pedacinhos de chocolate 70%, entre um gole e outro de café preto sem açúcar. Frutas tão maduras quanto podem ser, no apogeu da sua doçura, dançando na boca com bons e amargos goles de otimismo líquido. É assim, ao menos, o gosto do meu equilíbrio. Se quiser descobrir se o teu é como o meu, coloca essa receita na listinha e faz assim que der: essa torta é apenas imperdível. Aprendi com a minha amiga maravilhosa @blog_melepimenta ❤️
3 ovos inteiros
6 bananas grandes e bem maduras
75g de manteiga
1 xícara de farinha
1 xícara de açúcar
1/2 colher (sopa) de fermento químico
1/2 colher (chá) de canela em pó
Chocolate 70%
Unte uma forma (a minha mede 24cmx24cm) e pré-aqueça o forno a 180°C. Bata os ovos inteiros na batedeira até virarem uma espuma bem fofa. Enquanto isso, pique em rodelas finas as bananas, derreta a manteiga em um potinho e misture em uma vasilha média a farinha, o açúcar, o fermento químico e a canela em pó.
Agora, vamos à montagem: forre a forma com metade das rodelas, derrame metade da manteiga por cima dessa caminha de bananas, espalhe metade dos secos e, por fim, metade dos ovos batidos, da forma mais homogênea possível. Repita o processo, finalizando com os ovos, e leve ao forno por 40 minutos – ou até que a torta fique dourada e a cozinha esteja com um aroma perfeito e adocicado. Quando pronta, retire do forno e enfie pedacinhos de chocolate 70% por toda ela, o quanto for do teu agrado.
Uma observação essencial: comer ela ainda quentinha é um presente pra alma ✨
É difícil escrever sobre uma das melhores viagens da vida sem ser clichê – e sem dar aquele apertinho doído no coração. Foram cinco dias vividos da forma mais intensa, mais espontânea e mais desconectada possível, com amigos maravilhosos que têm a loucura parecida com a minha ❤️
Punta del Este, Montevideo e Colonia del Sacramento foram o cenário perfeito pras nossas gargalhadas, pros braços enganchados, pra sincronia dos passos, pros rolês mais aleatórios na madruga, pras cantorias sem fim. Pros olhares de cumplicidade, pras milhares de piadas internas sem limites, pra dor na barriga de tanto rir, pras experiências mais absurdamente hilárias.
Eu falharia se tentasse explicar o quão mágica foi essa viagem. Os lugares pelos quais a gente passa fazem muito mais sentido se quem tá ao nosso lado nos transborda e nos faz ser melhor. Se quiser ver os passeios que fizemos, é só olhar nos destaques dos Stories no meu perfil do Instagram– mas a melhor dica que eu posso dar não tem nada a ver com roteiro. Permita-se viajar com desconhecidos, fazer novos amigos, conhecer mais profundamente as pessoas que já fazem parte da tua vida. Permita-se se perder pelas ruas das cidades, esbarrar em lugares novos, cruzar portas sem saber o que aguarda do outro lado. Eu avisei que seria clichê.
Quando a gente se sente pertencente ao mundo e às nossas próprias vidas, tudo fica mais simples, mais leve, mais feliz. E tudo o que eu quero é ser feliz nas estradas por aí 🌎
