sábado, junho 21, 2025
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Profiteroles

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Profiteroles

Choux à la crème, cream puff, profiteroles: a história, cheia de meandros e de mitos hiperbólicos, nunca foi estabelecida com precisão. Alguns estudiosos garantem que foi Popelini, chef da Catherine de Médice, quem resolveu rechear a massa choux com creme de confeiteiro – isso lá por meados de 1540. Outros defendem que Popelini não apenas recheou, mas também inventou a própria pâte a choux. Esse nome, aliás, refere-se ao formato arredondado da iguaria, que lembra um repolho (choux, em francês). A realidade é que, por ser uma massa simples de fazer, possivelmente ela foi criada em diversos países, em diferentes épocas, por inúmeros cozinheiros criativos que adorariam ter conhecido o Google.

(Como eu não gostei dessa história, vou logo passar para a parte em que eu explico o que são os adoráveis profiteroles)

Uma deliciosa carolina (que não é a menina, mas sim uma bolota de massa choux), uma generosa bola de sorvete e uma brilhante calda de chocolate são os elementos necessários para compor o profiterole. A massa oca é perfeita para abrigar o recheio, que não precisa, necessariamente, ser gelato. Vale brigadeiro, chantilly, creme de confeiteiro: o que a despensa e a situação financeira mandarem. A combinação de texturas é irresistível: exterior levemente crocante, interior aveludado, recheio cremoso, finalizado por uma cobertura delicada, porém pungente. Para acrescentar certa sofisticação, amêndoas laminadas arrematam o prato – e o coração do comensal.

Profiteroles (do livro Chef Profissional)

160ml de leite integral
160ml de água
150g de manteiga
2,5g de açúcar
2,5g de sal
230g de farinha
4 ovos

Em uma panela média, ferva o leite, a água, a manteiga, o açúcar e o sal, mexendo de vez em quando pra não dar agonia.

Retire do fogo e acrescente toda a farinha, mexendo vigorosamente com um fouet (meu braço direito ficou visivelmente musculoso, cancelei a academia). Pode dar uma embolotada básica, mas seca essas lágrimas: é só misturar mais um pouco que desmancha tudo. Volte com a massa para o fogo e, com um lambe-lambe/pão-duro/seja lá como se chama, mexa constantemente até que ela desgrude das laterais e fique com uma cor um pouquinho mais escura, o que leva cerca de três minutos.

Passe para o bowl da batedeira e bata, em velocidade média e com o batedor de pá, até que esfrie um pouco (caso contrário, pode talhar os ovos). Originalmente, a receita pede 340 gramas de ovos, o que daria cerca de 7 unidades. Da última vez que eu fiz profiteroles, necessitei apenas de quatro, mas essa quantia pode variar sempre. O segredo é saber o ponto que a massa deve ficar depois de pronta, que é assim:

Atenção às texturas!

Ela fica bem cremosa, mas firme o suficiente para não desmoronar depois de ir à forma. Vai no feeling que dá certo (e, se não der, respira fundo, coloca o orgulho de lado e se acaba no café colonial). Coloque a massa em um saco de confeitar, com um bico pitanga grande, e brinque de padeiro. A primeira fornada eu simplesmente apertei o saco e puxei para cima, dando esse efeito:

Profiteroles

Na segunda, eu fiz como se estivesse confeitando um cupcake, e gostei mais do resultado (que pode ser visto na primeira foto do post). Antes de levar ao forno, molhe a ponta do dedo e passe nesses biquinhos, pois eles tendem a queimar. Asse em um forno pré-aquecido a 180°C por 50 minutos, ou até que as rachaduras fiquem bronzeadas  como a Susana Vieira. Depois que elas saírem do forno e esfriarem, corte-as ao meio e monte da forma que preferir.

Dicas para os profiteroles perfeitos

1. Se o chantilly for eleito como recheio, experimente misturar frutas frescas a ele, como morangos ou framboesas. A acidez da fruta combina perfeitamente com o adocicado da nata batida;

2. Se preferir o creme de confeiteiro, sugiro que misture chocolate meio amargo à mistura: fica sensacional;

3. No lugar das amêndoas, é possível colocar os mais diferentes toppings. Confeitos coloridos (perfeitos para agradar as crianças), nuts variadas (ideais para aquele jantar com os amigos), farelo de biscoito, frutas picadinhas. Dá até pra brincar de magnata e fazer um mini buffet;

4. O rendimento varia muito: os meus ficaram com cerca de 5cm de diâmetro, rendendo umas 25 carolinas. Eu gosto de profiteroles grandes, mas eles também ficam uma fofura pequetitos;

5. Para assar, use um silpat ou papel manteiga untado. Cuide apenas um detalhe: se a forma que você acomodar as carolinas for escura, elas podem queimar um pouco na parte de baixo. Prefira as formas comuns de alumínio;

6. A massa usada para fazer as carolinas, a pâte a choux, é a mesma da éclair – o que muda é o formato. Ao rechear uma éclair, fazemos a famosa bomba de chocolate;

7. Se você quiser uma massa mais sequinha, use apenas água para fazer a carolina; caso queira uma massa mais úmida e macia, opte pelo leite (que, além do mais, confere mais sabor);

Profiteroles

OBS: Aqui eu fiz eclair, doce típico francês também feito com massa choux!

Fonte: Food Timeline

Arroz arbóreo doce

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Arroz arbóreo doce

Há quem confunda simples com simplório. No universo da comida, simples é aquele prato fácil de fazer, com ingredientes acessíveis, cujo sabor é apurado, mas que remete ao cotidiano, à comidinha caseira do dia a dia – simplesmente delicioso; simplório é o mesmo prato simples, mas feito de qualquer jeito, sem cuidado, com ingredientes de baixa qualidade, cujo sabor não é memorável – simploriamente detestável. Esse doce não será encontrado em tenebrosas mesas de buffet, mas também não será vislumbrado em gloriosos banquetes da realeza. Sobremesa modesta, porém deleitável, merece ser servida depois do almoço preguiçoso de domingo: uma simples e agradável surpresa para fechar a refeição.

O arroz doce é um prato antigo, desfrutado por pessoas das mais variadas culturas e cuisines. Esse alimento se origina das sopas de grãos feitas por cozinheiros do Oriente Médio. É bastante associada à boa nutrição e à fácil digestão, sendo recomendada àqueles com problemas estomacais.¹

Ah, espera um pouco: que imensa injustiça que esse pessoal antigo cometia com o arroz doce. Por sua textura cremosa e seu sabor delicado, era considerado alimento de enfermo. Ainda bem que o povo nórdico desfez esse grande mal entendido e transformou-o em uma refeição especial: o risalamande, por exemplo, não pode faltar na ceia dos dinamarqueses. Países como Finlândia, Suécia e Noruega têm até uma brincadeira tradicional feita com o arroz doce: uma amêndoa é escondida entre os grãos, e a pessoa que encontrá-la terá sorte para o resto do ano.

Você não precisa ficar enfermo nem esperar uma data especial para apreciar esse prato simples (mas não simplório): sorte mesmo é poder saboreá-lo quando quiser.

Arroz arbóreo doce

1 xícara de arroz arbóreo
750ml de leite integral
250ml de água
1 lata de leite condensado
1 colher (sopa) de manteiga
q.b. vinho branco

Para começar, separe uma taça de vinho para tomar enquanto cozinha – digamos que é um presente por você doar 40 minutos ininterruptos da sua vida à culinária. Derreta a manteiga e acrescente o arroz. Quando ele estiver refogado, coloque o vinho e deixe reduzir, mexendo sempre (sempre mesmo, larga esse celular e não se faça de desentendido). Acrescente o leite aos poucos e – adivinhe? – mexa, sempre deixando secar antes de acrescentar mais líquido (esse processo solta bem o amido, deixando uma textura irresistivelmente cremosa). Se o leite acabar e o grão ainda não estiver no ponto que você deseja, acrescente a água e siga o mesmo procedimento. Quando estiver pronto, coloque o leite condensado, dê mais uma mexida malandra, e desligue o fogo. Sirva em panelinhas individuais com canela em pó.

Dicas

1. A água pode ser substituída pela mesma quantidade de leite;
2. O vinho não é obrigatório, é mais pra dar aquela firula mesmo. Eu coloquei bem pouco, pois não queria que ficasse com um sabor pronunciado, mas você pode colocar a quantidade que achar apropriada;
3. A quantidade de leite condensado é relativa, depende muito do grau formiguístico de cada um. Eu coloquei um pouco mais que uma lata, mas acredito que uma seja o suficiente;
4. O arroz arbóreo pode ser substituído por arroz comum, mas eu, particularmente, não cometeria essa atrocidade;
5. O ponto do arroz depende do gosto pessoal: eu deixei ele um pouco mais mole que al dente, pois achei que combina mais com o doce;
6. Você pode saborizar o arroz arbóreo doce com especiarias, como canela em pau, cravo e fava de baunilha – é só colocar logo no início do processo, e retirar quando o sabor estiver do seu agrado;

Arroz arbóreo doce

¹Fonte: http://www.foodtimeline.org/

Pipoca de caramelo salgado com chocolate

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Pipoca de caramelo salgado com chocolate

Começo assim: de nada por não chamar a deliciosamente humilde pipoca de gourmet. Peguei uma implicância tão grande com essa palavra que passo bem longe das fachadas de restaurantes/ botecos/ lanchonetes/ pés sujos que propagandeiam “a melhor (insira aqui qualquer comida) gourmet da galáxia”. Essa cisma não é com a coxinha de confit de pato, com o brigadeiro de capim cidró, com o hambúrguer de kobe beef. O meu problema é com quem oferece um produto de baixa qualidade, superfaturado, servido dentro de um prato bonito, batizado com um nome fresco e decorado com duas ciboulettes cruzadas por cima. Dai-me paciência.

O post de hoje nem chega a ser uma receita, é mais uma dica para incrementar a pipoca nossa de cada jogo. Garanto que todos os gritos de gol vão ser com a boca cheia!

Pipoca de caramelo salgado com chocolate

1 xícara de açúcar refinado
1/4 xícara de água
3/4 xícara de nata
1 colher (chá) de flor de sal
5 bombons alpino

Em uma panela de inox pequena, coloque o açúcar e a água, mexendo suavemente até formar uma calda transparente . No momento que isso acontecer, largue a colher e não mexa mais – caso contrário, o açúcar irá cristalizar e você ficará com raiva, e ninguém precisa de uma pessoa raivosa perto de uma panela borbulhante. Quando ficar com uma cor âmbar, o que demora cerca de 5 minutos, adicione a nata e mexa vigorosamente com um fouet. Desligue o fogo e acrescente a flor de sal, que dá um toque excepcional. Misture a calda na pipoca e finalize com o chocolate picado. Sirva em xícaras para dar uma frescurinha.

Dicas

1. A nata (45% de gordura) pode ser substituída tanto por creme de leite fresco (38% de gordura) quanto pelo creme de caixinha (20% de gordura). Eu sempre opto pela mais gorda saborosa, a nata;
2. Usei alpino porque é amor e porque era o que tinha em casa. Claro que qualquer outro chocolate é bem-vindo (imagina que legal ficaria com M&Ms?);
3. Essa quantidade cobre bem todas as pipoquinhas de um pacote de microondas.

OBS: Tem outras receitas com caramelo aqui e aqui.

Mini Hambúrguer todo caseiro

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mini hambúrguer

Hoje o negócio é pá-pum (até porque, em breve, teremos um post dedicado ao hambúrguer – em seu tamanho original e sem toda sua glória – com direito a história, a passo a passo e a piadinhas). Hoje é uma versão de Mini Hambúrguer Caseiro, perfeita para comer enquanto xinga o juíz assiste aos jogos da Copa. Então, pega lápis e papel (sempre quis dizer isso haha) e anota aí:

Mini hambúrguer caseiro

Rendimento: cerca de 50 unidades de 30g

1500g carne moída
2 ovos
15g sal
Pimenta a gosto

Em um bowl grande, agregue todos os ingredientes. Com o auxílio de uma balança, divida a carne em porções de 30g, moldando no formato e altura desejados. Antes de grelhar, deixe firmando na geladeira por cerca de 30 minutos.

Dicas

1. Comprei patinho e pedi para moer no açougue do mercado – garantia de carne mais fresca;
2. A quantidade de sal é relativa: essa é apenas uma base;
3. Você pode omitir os ovos, mas garanto que eles ajudam a deixar aquela camadinha tostada bem mais gostosa e uniforme;
4. Fizemos os hambúrgueres com 40g, mas achei muito grande e alto: depois de grelhado, ficou quase parecendo uma almôndega hehe;
5. Esse é um hambúrguer básico: ele pode e deve receber outros temperos;
6. Caso sobre carne, molde os hambúrgueres e congele;
7. Compre uma balança;

Mini pão caseiro

Rendimento: cerca de 50 unidades de 20g

500g farinha de trigo + q.b. para trabalhar a massa
200ml água de aipim morna
10g fermento biológico seco
60g açúcar refinado
5g sal
100g manteiga em temperatura ambiente
1 unidade ovo levemente batido

Coloque a farinha em um bowl grande e faça um buraco no meio, que receberá a esponja – acalma o coração, juro que não é anti-higiênico. A tal da esponja nada mais é do que o fermento, o açúcar, a água de aipim e um pouco de farinha, que serve para dissolver o fermento e deixar a massa bem aerada. Deixe essa mistura descansando até que dobre de tamanho.

mini pão caseiro

Agora, com os dedos fazendo papel de fouet, vá agregando a esponja à farinha, e acrescente os demais ingredientes. Quando estiver homogênea, coloque a massa em uma bancada enfarinhada e sove por cerca de cinco minutos (ou até ela ficar lisa e desgrudar bem das mãos). Faça uma bola de massa e devolva-a ao bowl. Truque que minha mãe ensinou: para acelerar esse primeiro crescimento, coloque no microondas, em potência 50, durante 1 minuto – nunca esquecendo de cobrir a massa com um pano levemente úmido, para não deixá-la ressecada.

Quando dobrar de tamanho, o que vai demorar cerca de uma hora, devolva-a à bancada enfarinhada e divida-a em bolinhas de 20g (indico usar uma balança de precisão, e não apenas seus olhos e suas mãos e seu instinto super apurados :P). Deixe descansar novamente (queria eu ficar tão relaxada quanto essa massa), de preferência dentro do forno morno, até que dobrem de tamanho. Asse a 160°C, durante 25 minutos (ou até formar uma casquinha deliciosamente dourada e a casa ficar tomada pelo perfume de pão novinho).

Dicas

1. Não coloque o sal na esponja, pois ele retarda o desenvolvimento do fermento;
2. A quantidade de líquido depende da umidade do dia: mas não se preocupe, é só dar o ponto com mais farinha;
3. É importante fazer a esponja, pois, além de evitar um sabor forte de fermento, ainda deixa o pão mais leve;
4. A água de aipim nada mais é que a água cozimento do – tãntãntãn – aipim. Pode ser substituída por água ou leite;

Montagem

Sugiro tomate, alface, queijo muçarela (sim, com “ç”) e condimentos – mas as mais diversas variações são possíveis! Já imaginou combinar, por exemplo, uma pastinha de gorgonzola com pedacinhos de nozes? Ou um chutney de damasco com queijo brie? Já vi que vou ter que repetir essa mini delícia muitas vezes!

mini hambúrguer