domingo, junho 22, 2025
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Financier de Doce de Leite

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Financier de Doce de Leite

O livro Memorial Historique de la Patisserie, publicado em 1890 por Pierre Lacam, é recheado de histórias gordinhas – e a criação do Financier está entre elas. Segundo o autor, o bolinho foi criado por um padeiro chamado Lasne, cuja loja ficava próxima ao centro financeiro de Paris. Com um olho no forno e o outro no bolso, resolveu nomear a sua obra prima em homenagem aos financistas – ou financiers, en français – que frequentavam seu estabelecimento. Garoto esperto. Mas calma, a inspiração não parou por aí: pra mimar ainda mais os clientes preferidos, passou a assar os bolos em uma forma retangular, cujo formato lembra um tijolo barras de ouro. Lasne, se ainda estivesse vivo, seria publicitário e usaria óculos retangulares.

– Tá, mas o que raios é um financier?

A princípio, parece um simples bolinho, daqueles perfeitos para acompanhar o café da tarde enquanto folheia, despretensiosamente, uma revista qualquer. Que grande injustiça! A textura é densa, encorpada; o sabor é amanteigado, rico; o aroma é intenso, acentuado – e o sorriso no rosto é garantido. Ele é tão versátil quanto um bolo deve ser: pode levar frutas frescas, compotas, geleias, especiarias, cremes – enfim, o que estiver dando sopa na despensa. A farinha de amêndoa, ingrediente-chave da receita, confere o toque especial – e o manda direto para o hall dos doces celebridades, aguardando, entre macarons e crème brûlées, a mordida fatal.

Financier de Doce de Leite

Financier de doce de leite (um tantinho adaptado do incrível Technicolor Kitchen)

Rendimento: 12 unidades

125g de farinha de amêndoas
85g de farinha de trigo
150g de açúcar de confeiteiro
6 claras
200g de manteiga sem sal
6 colheres (sopa) de doce de leite

Primeiro, derreta a manteiga em uma panelinha, deixando ela ferver até ficar com uma coloração amendoada. Em uma tigela, peneire as duas farinhas e o açúcar de confeiteiro. Coloque as claras e uma pitadinha de sal na batedeira, e deixe batendo até espumar. Acrescente os ingredientes peneirados às claras, bata até que homogenize e adicione a manteiga morna aos pouquinhos. Quando a massa estiver fofa e linda e der vontade de comer ela assim mesmo, coloque o doce de leite.

Na foto só tem quatro porque eu comi o resto ainda não tinha colocado tudo. Incorpore o doce de leite.

Financier de Doce de Leite

Disponha a massa nas forminhas (eu usei retangulares pequenas de silicone, pra evitar a fadiga de untar) e asse no forno pré-aquecido a 190ºC. Em cerca de 15 minutos, eles já devem estar dourados e prontinhos. Para garantir, faça o teste do palito: se ele sair limpo, está na hora de tirar do forno e deixar eles descansando uns minutinhos antes de atacar. Eles são super delicados, por isso tenha cuidado na hora de desenformar. Fim.

Dicas para o financier de doce de leite

1. Não achou farinha de amêndoa? Não chora. É só comprar amêndoa inteira (sem casca) ou laminada e triturar;

2. Se você está achando que a farinha ficou muito pedaçuda, é só triturar novamente e peneirar, repetindo esse processo até que você desista fique com a textura desejada;

3. Faça como a Pat, do Technicolor Kitchen, e recheie eles com uma colheradinha de doce de leite antes de assar;

Fonte

The New York Times

Chocolate Quente de Microondas

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Chocolate Quente de Microondas

Eu ainda não decidi se foi bom ou ruim eu ter tido essa ideia de fazer chocolate quente no microondas. A verdade é que eu estava até torcendo pra que não ficasse lá grande coisa – afinal, uma receita assim tão fácil e assim tão deliciosa, é um sério problema para aquelas tardes chuvosas e entediantes…

Chocolate Quente de Microondas

1 colher (sopa) de amido de milho
2 colheres (sopa) de Nescau
200ml de leite integral

Coloque o amido de milho e um pouco de leite frio na xícara, mexendo até dissolver totalmente. Acrescente o achocolatado e o resto do leite e incorpore bem. Coloque no microondas por 3 minutos e meio. Fique sempre de olho, pois ele vai levantar fervura e você não quer perder tempo limpando a meleca. Quando estiver quase transbordando (#vivendonolimite), abra e dê uma mexida – você vai fazer esse procedimento entre duas e três vezes durante o tempo indicado. É essencial que o leite ferva, pois só assim o amido vai engrossar, deixando o chocolate super-hiper-mega cremoso. Caso queira dar uma adoçada, coloque um tantinho de leite condensado ou de nutella (sim, eu disse NUTELLA!). Me agradeçam depois.

Olhem ele no Instagram, que lindão:

Dicas

1. Claro que você pode trocar o achocolatado por chocolate em pó, mas aí será necessário colocar algo para adoçar, como leite condensado (curtiram a ideia, né?);

2. É importante que a xícara tenha capacidade para 250 ou 300ml, para não ter risco de ir por cima;

3. Eu usei o achocolatado Nescau, então não sei dizer qual é o resultado com outras marcas;

4. Se você não dissolver bem o amido, além de o chocolate ficar cheio de bolinhas, não ficará cremoso;

Bolo de Xícara com Nutella

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Bolo de Xícara com Nutella

Se tem uma coisa que eu de-tes-to é a fome de não sei o que. Não adianta revirar a despensa atrás de um biscoito esquecido, nem abrir os potes de feijão sorvete no freezer, nem vasculhar a bolsa em busca de um chocolate pela metade, nem ligar para o delivery de pastel. E não me vem com saladinha e peito de frango que eu fico agressiva. Nesses momentos de angústia alimentar, uma das poucas coisas que me sacia é um bolo de xícara – principalmente se eu puder deixar ele ainda mais gordinho com uma generosa colherada de Nutella. Agora o problema não vai mais ser a fome de não sei o que, mas sim a vontade insaciável de comer o bolo todos os dias. Boa sorte com isso.

Bolo de Xícara com Nutella

3 colheres (sopa) de farinha
1 colher (chá) de fermento
2 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de óleo
2 colheres (sopa) de chocolate em pó
3 colheres (sopa) de creme de leite
1 pote colher (sopa) de Nutella

Sintam a dificuldade: misture tudo em uma xícara média e coloque por 1 minuto e 45 segundos no microondas, em potência alta. De nada.

Dicas

1. Ao finalizar, jogue uns granulados por cima pra fazer uma frescurinha;

2. Coloque pedacinhos de chocolate na massa – sim, eles derretem; sim, fica maravilhoso;

3. Alerta gordice: faça um brigadeiro e jogue por cima do bolo – ou, se bater a preguicite, vá de leite condensado puro mesmo;

4. A Nutella pode ser omitida, mas garanto que ela dá um toque super especial;

5. Se quiser deixar ele mais saudável (rysos), troque o chocolate em pó por cacau em pó, o açúcar refinado por mascavo e o óleo comum por óleo de coco, a felicidade por tristeza eterna;

Agora deixem eu me exibir: olhem o sucesso que esse bolinho coisamaisquerida fez no Facebook!

Bolo de Xícara com Nutella

Crème Brûlée de doce de leite

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Crème Brûlée de doce de leite

Vou começar com uma notícia bombástica, que pode abalar a cátedra da gastronomia e mudar os rumos da história: a epítome da culinária francesa, a sobremesa mais pedida pelos turistas com câmeras penduradas no pescoço em Paris, o doce que evoca e grita e exala França, não é (repito, não é) francês. Inspira. Expira. Inala a bombinha de ar. Relaxa. Vai ficar tudo bem, vamos superar isso juntos.

De acordo com Colin Spencer, autor do livro “British Food: An Extraordinary Thousand Years of History”, uma sobremesa similar ao crème brûlée foi criada na Inglaterra, ainda no século XV. Segundo o autor, quando as vacas davam à luz e produziam leite em abundância, era a época do “burnt cream” (creme queimado), um pudim doce coberto por açúcar queimado com ferro. ¹

O doce começou a trilhar o caminho da fama, porém, a mais de sete mil quilômetros de distância e cerca de 600 anos depois, na cidade de Nova York dos anos 80 – mas a origem, pasmem, provou-se não ser inglesa. Sirio Maccione, dono do restaurante Le Cirque, afirma que se inspirou na crema catalana, a versão espanhola do viajado doce, para criar o seu crème brûlée. Pierre Hermé, chef confeiteiro conhecido por seus doces tipicamente franceses, disse que experimentou a sobremesa pela primeira vez no restaurante de Maccione; Paul Bocuse, um dos mais prestigiados chefs franceses, garantiu que o crème oferecido no Le Cirque havia sido o melhor doce que comera no ano. Esse último, apaixonado pela receita, levou-a para a França, onde ela não tinha nenhuma popularidade.

Agora, já difundido e bem estabelecido, o crème brûlée pode ser encontrado em versões inusitadas, como cardamomo com gengibre, coco com maracujá (cada um com seus problemas) e essa maravilha que eu compartilho hoje. Ah, importante: o doce de leite que sobrar é de direito exclusivo do cozinheiro.

Crème Brûlée de doce de leite

Crème Brûlée de Doce de Leite (adaptado da receita do chef Felippe Sica)

Rendimento: 4 porções

500ml de creme de leite fresco
180g de doce de leite
4 gemas
1 fava de baunilha

É tão, mas tão fácil, que não dá nem graça de escrever o passo a passo, mas já que eu inventei esse negócio de ter um blog, lá vai: esquente o creme de leite fresco em uma panela em fogo baixo, não deixando chegar ao ponto de fervura. Quando ele estiver bem quente, acrescente o doce de leite. Enquanto ele vai dissolvendo, corte a fava de baunilha no sentido do comprimento e retire as sementinhas. Acrescente essas adoráveis bolinhas pretas (se você conseguir tirar elas dos dedos) e os dois pedaços da fava à panela, para deixar que todos os sabores infundam. Quando a mistura estiver homogênea e quente de forma que não queime os dedos (termômetro humano), despeje o líquido aos poucos em uma vasilha com as gemas batidas, mexendo bem para não correr o risco de talhar. Coloque em potinhos de porcelana.

Asse em banho maria, a 160ºC, por cerca de 30 minutos. Ele estará pronto quando, ao dar uma chacoalhadinha (que não ocorre por vontade própria, mas sim com as mãos do cozinheiro), mexer como se fosse uma gelatina. Após cinco horas na geladeira, coloque uma camada de açúcar e queime com o maçarico. Aproveite bem um dos instantes mais memoráveis de sua vida, sinta a crocância do caramelo combinando-se com a doce sutileza do creme – porque depois de raspar a última partezinha, só o que resta é um monte de louça pra lavar.

Dicas

1. Caso não encontre o creme de leite fresco (38% de gordura), ele pode ser substituído por nata, cujo percentual de gordura é de 45%. Já deixe a consulta com o cardiologista marcada;

2. Quanto mais denso e escuro for o doce de leite, mais saboroso vai ficar o crème brûlée;

3. Para o açúcar da cobertura, já usei demerara, refinado, de confeiteiro e cristal. Para o meu gosto, esse último deu um efeito mais interessante, mas fique à vontade para escolher o seu favorito;

4. A fava de baunilha é totalmente opcional – é mais para fazer uma frescurinha mesmo;

5. Tem gente que prefere bater as gemas na batedeira, mas o serviço se resolve facilmente com um garfo ou um fouet;

6. Quem não tem maçarico, não se desespere: é possível usar uma colher para queimar o açúcar. Como ela não sai incandescente da gaveta, é só colocá-la por alguns minutos sobre a chama do fogão, para depois encostar suavemente sobre a camada de açúcar. Eu nunca usei essa técnica, mas fontes confiáveis já testaram e aprovaram;

Crème Brûlée de doce de leite

Fontes

¹ Saveur Magazine

The Food Timeline

Veja também a receita em vídeo: