domingo, junho 22, 2025
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Primeiras mordidas em Paris

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Primeiras mordidas em Paris

O que falar sobre essa cidade que eu mal conheço, mas já considero pacas? É difícil até de organizar os pensamentos pra escrever sobre Paris, porque tudo surge em um emaranhado de lembranças, cheio de saudades (brega). Fiquei apenas uma semana por lá, mas foi o suficiente pra me apaixonar e querer voltar muitas vezes (sonha, Bárbara, porque isso é de graça). Consegui visitar quase todos os lugares que planejei (que mentira, ficaram faltando 457 pâtisseries, restaurantes, boulangeries e fromageries), e vou compartilhar com vocês minhas experiências favoritas (leia-se tudo). Vou dividir em uma série de posts, para vocês ficarem com gostinho de quero mais não dormirem durante a leitura. Bon voyage!

Pré-viagem

Pra começar, meses antes da viagem, fomos atrás de acomodação. Como os hotéis com preço pagável costumam ficar longe do centro e ter o tamanho de uma casa de bonecas (sem as facilidades de uma, como cozinha, móveis fofos e varanda rosa), resolvemos procurar um apartamento para alugar. Procuramos no site Airbnb, que tem tamanhos e valores pra todos os bolsos e necessidades. Alugamos um adorável estúdio no bairro Marais, com mini cozinha, mini quarto/sala e mini banheiro. Achei essencial ter cozinha, pois acabamos preparando vários lanches por ali – inclusive um almoço sensacional, que conto mais adiante. Apartamento bem localizado também é importante, pois pudemos fazer diversos passeios a pé mesmo, desbravando e desfrutando desse bairro super charmoso (dicas no próximo post). Quer saber? Poderia viver ali tranquilamente, só com o necessário: amor, geladeira cheia e um passaporte cheio de carimbos :)

Primeiras mordidas em Paris

Já começamos o primeiro dia bem: chegamos no apartamento, largamos as malas e saímos em uma missão de reconhecimento pelo bairro. Logo descobrimos um mercado, uma boulangerie e uma fruteira cheinha de frutas vermelhas, e já fizemos nossas primeiras compras.

Primeiras mordidas em Paris

Nossa primeira almojanta foi bem parisiense: baguete quentinha da padaria, queijo camembert, mix de folhas, manteiga e jambon sec au poivre. Não sei se foi a emoção do primeiro dia, mas esse foi o melhor pão que já comi na vida: casca super crocante e miolo que derrete na boca.

Primeiras mordidas em Paris

As idas ao mercado foram um evento a parte. Tem tanto produto diferente, que dá vontade de fazer a limpa nas prateleiras. Grande parte dos potinhos de iogurte, por exemplo, são de vidro, então imaginem uma pessoa enlouquecida tendo surtos de fofura (sim, eu trouxe potes vazios na mala, sou muito ecológica :P). O corredor dos condimentos também é uma lindeza só, esfregando na cara da sociedade dezenas de tipos de mostarda, azeite de oliva e temperos em potes um mais lindo que o outro. Foi difícil, mas com ajuda de muita terapia estou conseguindo superar tamanho amor. Agora olhem essa Nutella de 1kg e sintam o drama:

Nossos cafés da manhã consistiam em granola e frutas, pra poder enfiar o pé na jaca durante o dia. Comprei uma granola maravilhosa no mercado, que levava quadradinhos de chocolate meio amargo e avelãs. Ela durou mais de uma semana e fiquei com saudade quando terminou (RIP granola deliciosa). Pra complementar, colocava iogurte e frutas, dando preferência pras fotogênicas HEHE. Olhem que amor:

Uma dica  muito legal é sempre levar lanchinhos saudáveis nos passeios. Sempre tínhamos cenoura cortada em palito, ameixa seca, damasco seco e castanha do Pará. Vocês sabem que eu adoro uma gordice, mas achei super válido ter snacks não engordantes pra beliscar entre uma refeição e outra. Além disso, sempre saíamos com garrafinhas d’água.

Tour Alta Gastronomia

Como o principal objetivo da viagem era conhecer in loco a gastronomia francesa, compramos o Tour Alta Gastronomia Francesa. Durante 3h30, caminhamos pelos bairros Madeleine, Saint-Honoré e Palais Royal, fazendo paradas estratégicas nos lugares mais bacanas da região. Para vocês terem uma ideia, porque não quero estragar as surpresas do passeio, vou listar três preferidos:

1. Maison Prunier

Admito que havia medo nesse corpo quando a guia disse “caviar” – quase entrei em estado meditativo pra evitar fazer cara de nojo quando comesse. Já dentro da loja, fomos para uma câmara de maturação simulada, onde degustamos as famosas ovas de esturjão. Servido em uma colher de madrepérola, o caviar apresenta um sabor bem, digamos… marítimo. As bolinhas (eu e meus termos super técnicos) são extremamente macias, e o sabor de sal é predominante. A atendente nos explicou que as diferenças de um tipo de caviar para o outro consistem no tempo de maturação (de três a seis semanas) e na quantidade de sal. Para minha surpresa, gostei da experiência, e acredito que deve ficar uma delícia finalizando algum prato especial.

Primeiras mordidas em Paris

Na mesma câmara, ainda tivemos o prazer de provar o verdadeiro salmão defumado da Noruega. A textura é tão macia que chega a derreter na boca, é super untuoso e rico. Eu, que não sou fã de peixe cru, fiquei com vontade de comer mais. Acho que não tínhamos a cara da riqueza, porque a atendente nos deu de brinde um livrinho de receitas com caviar – ela percebeu que não ia rolar pagar 360 euros para 30g de beluga.

2. Pierre Oteiza:

Minha parte favorita do passeio, pasmem, não foi uma pâtisserie. Se a pessoa não conhece, facilmente passa batido por essa lojinha especializada em produtos do País Basco francês. Com jeitinho de delicatessen do interior, oferece embutidos de porco, foie gras, magret, pato confitado, queijo de ovelha e temperos especiais – tudo da mais alta qualidade e por preços bem acessíveis. Duas sobrecoxas de pato confit, por exemplo, saíram por menos de 8 euros.

Degustamos diversos produtos da loja e fizemos algumas comprinhas pra posteridade: as sobrecoxas de pato, algumas fatias de foie gras, pimenta espelette, chutney de cebola e geleia de pimenta. Alguns dias depois, esses ingredientes se transformaram em uma das melhores refeições da viagem:

Temperamos a carne com sal rosa e pimenta espelette e deixamos grelhar por cerca de 5 minutos de cada lado. Como já tem bastante gordura do próprio pato, não precisa adicionar mais. Depois de pronto, foi só montar a mesa com as geleias, foie gras, queijos chèvre e camembert, saladinha de folhas e pão fresco da boulangerie. A pele do pato estava tão crocante, que eu tinha vontade de comer só aquilo mesmo, sem parar. Inesquecível – e, o melhor, feito por nós.

3. Maison Maille:

Como boa apreciadora de mostarda, fiquei fascinada com a loja da Maille. As paredes são repletas de potes, com todas as criações da casa. Fizemos uma degustação com sabores especiais, como a saborosa mostarda com mel e vinagre balsâmico de Modena, a de chorar num cantinho super forte mostarda Chablis com trufa negra e a exótica mostarda de cassis. Um dos diferenciais mais legais da loja é a moutard à la pompe, cinco sabores servidos diretamente do barril.

Como é difícil de encontrar no Brasil sabores que fujam do comum, compramos a nossa preferida da degustação, a Moutarde au miel et au vinaigre balsamique de Modène (em francês porque é mais phyno) e um kit com cinco pequeninas (au noix, bleu, l’ancienne au vin blanc de Chardonnay, basilic e cassis de Dijon). Por mim, eu traria uns 20 sabores, mas o preço é bem salgado. Ah, também trouxemos colheres de degustação, que são uma graça.

O resultado final desse dia super divertido e gourmet, além de conhecimento gastronômico e aumento exponencial do amor por Paris, foram comprinhas maravilhosas, que sempre nos recordarão desse dia:

Primeiras mordidas em Paris

Agora eu quero saber a opinião de vocês! Gostaram das dicas? Já conheciam esses lugares?

Vem ver também: 7 dicas de passeios gastronômicos e culturais pelo bairro Marais.

Donuts assados recheados com goiabada

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Se tem uma coisa que me incomoda na culinária saudável é a tentativa de tornar alimentos já consagrados em uma versão triste e sem graça, glúten free, sugar free, lac free, sabor freeEu não sou a maior entusiasta de fritura do mundo, apesar de curtir uns churros de vez em quando, mas admito que sempre olhei com julgamento donuts assados. Quando viajei para o Canadá, comi donuts com os mais diversos sabores e formatos – recheados com maple, com cara de sonho, glaceados com chocolate, purinhos com café preto. Em comum, a gloriosa textura, o aroma imbatível de friturinha recém-feita, um sentimento de estar se presenteando com algo muito, muito delicioso – um sentimento meio Nigella, que encara o ato de comer com muita indulgência.

Quando vi essa receita no blog da Pat, o que me conquistou de cara foi a aparência: tinha jeito de gordice, quase não dava pra acreditar que era saudável (tá, também não é pra tanto haha). Deixei o preconceito de lado e fui pra cozinha desmistificar o tal do donut assado. E não é que eu amei?

Donuts assados recheados (receita levemente adaptada da linda Pat, do Technicolor Kitchen)

Os donuts

750g de farinha de trigo (+ extra para polvilhar)
140g de açúcar refinado
10g de fermento biológico seco
Raspas de dois limões sicilianos grandes
240ml de leite integral morno
80ml de buttermilk*
2 ovos grandes
2 colheres (sopa) de manteiga sem sal
24 quadradinhos de goiabada

Primeiro, ative o fermento. Em uma xícara pequena, coloque um pouco do leite morno, do açúcar e da farinha (pegue das quantidades já medidas) e o fermento. Deixe descansar em um lugar protegido, como o micro-ondas ou a guarita do segurança (super engraçado), até que fique todo gordinho. Enquanto ele cresce, ponha a farinha, o açúcar e as raspas de limão na batedeira. Em outra tigela, coloque a mistura do fermento, o leite, o buttermilk, os ovos e a manteiga derretida (ela não deve estar quente, pois pode talhar os ovos) e bata com um batedor de arames até homogeneizar. Faça um buraquinho no meio dos secos e despeje os líquidos. Ligue a batedeira em velocidade média e deixe-a fazendo o trabalho pesado por cerca de 5 minutos, usando o batedor com formato de gancho. A massa deve ficar elástica e lisa, não grudenta. Caso ela esteja pegajosa, acrescente farinha aos poucos, até que desgrude completamente. Claaaro que você pode fazer isso no muque, mas convenhamos que usar a batedeira nos economiza tempo e evita a fadiga.

Faça uma bola com a massa e coloque em um recipiente grande, onde ela possa duplicar de tamanho. Cubra com plástico filme ou com um pano de algodão levemente úmido e leve por 1 minuto ao micro-ondas (dica genial da minha mãe – é ideal pra dar um empurrãozinho no crescimento da massa). Deixe descansando e crescendo por cerca de uma hora ou até que dobre de volume (ou seja, se joga no Netflix – já aproveito para sugerir a série documental Chef’s Table, genial para quem curte se aventurar na cozinha).

Depois da farra televisiva, tire o ar da massa e leve-a para uma superfície enfarinhada. Com paciência, abra-a até que ela se rasgue toda em várias partes fique com uma espessura de meio centímetro. Com um cortador de 8,5 centímetros (ou alguma coisa cortante e redonda que você tenha em casa, use a criatividade), faça 48 círculos de massa, amassando, abrindo e cortando todas as aparas até terminar. Coloque os pedaços de goiaba bem no centro de 24 círculos, cobrindo-os com os círculos restantes, apertando os cantinhos. Use um cortador menor (o meu tem 7cm) para cortar todos os donuts, selando as bordas.

Use as aparas para fazer mais círculos, até que não sobre mais nada (aqui restou uma bolinha de massa, que eu recheei e assei e comi escondida). Coloque os donuts em assadeiras forradas com papel manteiga e leve para crescer dentro do forno levemente aberto, com a temperatura mais baixa possível – ou em um ambiente protegido de correntes de ar. Quando eles dobrarem de tamanho, coloque no forno pré-aquecido a 190ºC. Asse por cerca de 15 minutos ou até que fiquem douradinhos.

A cobertura

80g de manteiga sem sal
100g de açúcar cristal
Raspas de 1 limão siciliano grande

Pra deixá-los com uma aparência de mais apetitosa ainda, eu sugiro que façam a cobertura. É simples: derreta a manteiga em um bowl e aromatize o açúcar com as raspinhas de limão em outro. Mergulhe metade do donut na manteiga e afunde-os na misturinha de açúcar. Acreditem: esse donut é tão convincente, que todos ficarão surpresos ao saber que ele não foi pra fritadeira.

Dica que aprendi com a Pat:

Para fazer o buttermilk, coloque uma colher de sopa de suco de limão em uma xícara de 80ml (1/3 de xícara). Complete com o leite e, em 10 minutos, ele estará sorado e pronto para o uso.

Hambúrguer com chutney, brie e cogumelos

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Hambúrguer com chutney, brie e cogumelos

Nunca fui muito fã de hambúrguer (para de estapear a tela. Obrigada). Claro, isso na época em que ele era sinônimo da carne flácida e insossa do McDonald’s, acompanhado de batatinhas pálidas soterradas no sal. Taí uma coisa que o raio gourmetizador fez bem: dar um upgrade no sanduíche preferido dos americanos, levando excelentes cortes pra dentro do pão, além de ingredientes frescos e frescurentos. Chutneys, reduções, carnes exóticas e saladas baby costumam fazer parte do menu, mas passam longe de ser obrigatórios. Na realidade, até o clássico “pão, carne e queijo” pode ser feito de maneira criativa, sem a necessidade de deixar um rim no supermercado.

O hambúrguer de hoje tem uns toques phynos, mas nada que não possa ser substituído. No lugar do chutney de damasco, por exemplo, dá pra fazer um de manga – que não perde em nada no sabor e dá ares de brasilidade e samba no pé. O mais legal desse sanduíche tão querido é a sua versatilidade, se ajustando ao bolso, ao gosto e aos caprichos do freguês.

Hambúrguer com chutney, brie e cogumelos

Serve 1 pessoa

150g de carne moída
1 pão de hambúrguer (receita caseira aqui)
30g de cebola
3 fatias de queijo brie
2 colheres (sopa) de chutney de damasco (receita abaixo)
Cogumelos refogados na laranja (receita abaixo)
2 fatias de jamón serrano
2 folhas de alface

Corte a cebola em cubinhos (ou o menor tamanho que a sua competência/paciência permitir). Em uma tigela, agregue a cebola à carne moída, misturando bem. Formate o hambúrguer da maneira que preferir: com um aro, caso deseje fazer um burger-gourmet-cara-da-riqueza ou com as mãos mesmo, no feeling rústico. Como ele tende a encolher, molde-o um pouco maior do que o pão e não muito alto, pois pode ficar “massudo” demais, perdendo toda sua maciez característica. Coloque na chapa/frigideira/grill do George Foreman bem quente e deixe selar por cerca de três minutos cada lado, temperando generosamente com sal e pimenta. Não fique virando freneticamente o hambúrguer, pois ele precisa formar uma casquinha crocante e maravilhosa e deixar toda a umidade na parte de dentro #foodporn. Eu gosto do meu ao ponto menos – ou seja, com o miolo ainda vermelho, mas sem mugidos.

Tire do fogo e deixe descansando por três minutos, para os líquidos ~assentarem. Enquanto isso, leve o jamón serrano à frigideira quente (há quem diga que fazer isso é heresia, mas nem tô) até que fique crocante. Espalhe seus condimentos preferidos no pão já tostado (uma maionese caseira cai mega bem aqui, só dizendo), posicione o hambúguer e coloque as fatias de queijo brie por cima. Ponha o jamón, os cogumelos douradinhos, o chutney e as folhas. Feche com a outra metade do pão e se jogue sem medo de lambança.

Chutney de damasco

200g de damasco seco
100g de açúcar
100ml de vinagre de maçã
100ml de água
q.b. gengibre fresco ou 1/2 colher (sopa) de gengibre em pó
1 pimenta dedo de moça

Pique o damasco em cubos médios, o gengibre em tirinhas e a pimenta em cubos pequenos. Ferva a água, o açúcar e o vinagre, e então acrescente os restante dos ingredientes. Deixe cozinhando em fogo baixo por 20 minutos ou até que o açúcar esteja levemente caramelizado, com aquela textura de geleia. Caso deseje um chutney mais encorpado, processe metade e devolva à panela, mexendo até incorporar. Guarde na geladeira em um pote esterilizado.

Cogumelos refogados na laranja

2 unidades de cogumelo paris
50ml de suco de laranja
Tempero a gosto

Corte os cogumelos em fatias de 0,5cm medidos com régua. Refogue-os até que o líquido seque. Acrescente o suco de laranja e deixe reduzir. Quando eles estiverem douradinhos e apenas levemente úmidos, acerte o tempero e reserve.

Dicas

1. Eu costumo usar patinho ou coxão de dentro, mas escolha o corte da sua preferência. É importante que a carne tenha gordura, pois assim o hambúrguer mantém umidade e deliciosidade. Eu sempre peço para o açougueiro moer na hora, para garantir a frescura o frescor;

2. O tempo de cocção sempre vai depender da altura do burger, da força da chama e do ponto que você deseja. A melhor dica é: teste!

3. Eu prefiro o queijo brie ainda inteirinho, não completamente derretido. Caso deseje ele mais molinho, coloque em cima do hambúrguer enquanto ele ainda estiver na chapa. Sim, na foto ele tá todo escorrido, eu sei. Foi bem aí que eu descobri minha preferência não derretidística;

4. A questão do sal sempre causa polêmica e histeria coletiva. Eu prefiro colocar só na hora de grelhar, pois evita a desidratação da carne;

5. O pão da foto foi comprado no mercado por motivos de preguiça, mas aconselho fortemente a fazer em casa;

Bolo de chocolate super-hiper-mega fofo

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Bolo de chocolate super-hiper-mega fofo

Os Maias podem até ter errado o dia do fim do mundo, mas sobre uma coisa eles estavam completamente certos: o cacau é precioso. A idolatria maia ao fruto era tamanha, que ele só podia ser utilizado em cerimônias religiosas, na forma de bebida. Não é à toa que o seu nome científico é Theobroma cacao, cujo significado é “alimento dos deuses”. Os europeus ficaram maravilhados com o tal fruto quando chegaram ao Novo Mundo, e logo deram pra se habituar ao líquido sagrado.

O crédito por descobrir o cacaueiro para o mundo europeu cabe ao conquistador do México – Hernando Cortez. Ele chegou ao México em 1519, supostamente com intenções pacíficas de desenvolver o comércio, e foi recebido com honras pelo Imperador Montezuma dos astecas. O Imperador era grande apreciador de uma bebida especial, que ele bebia em copos de ouro, sempre novos. A cada vez que esvaziava um copo, ele o jogava fora, para mostrar que valorizava mais a bebida que o ouro¹.

Como forma de agradecimento, Cortez optou pelo clássico de fofura: aprisionou o Imperador, conquistou o México para o rei da Espanha e levou o fruto para o país europeu, que manteve o monopólio do comércio do cacau por mais de 100 anos. Um doce.

Desse estágio até a barra de chocolate, mais 300 anos de cacau, água quente e especiarias se passaram – um desperdício de provisões, eu diria. Nesse ínterim, a Europa Ocidental se apaixonava pela bebida, criando Casas de Chocolate para competir com as já famosas Casas de Café. Mas foi apenas em 1847 que o chocolate saiu da xícara para chegar às prateleiras em forma de barra, produzidas pela companhia inglesa Fry & Sons.

Corta pro século XXI.

O caminho foi árduo, mas aqui estamos. Dos nibs de cacau ao chocolate inalável, hoje é possível apreciar a iguaria de todas as formas possíveis. Como forma de homenagear um dos ingredientes mais queridos do mundo, compartilho uma receita que leva chocolate duplo, na massa e na cobertura – pra ficar do jeitinho que o Imperador Montezuma gostaria.

Bolo de chocolate super-hiper-mega fofo

Bolo de chocolate super-hiper-mega fofo

3 ovos
3/4 xícara de óleo
2 xícaras de farinha de trigo
2 xícaras de açúcar refinado
3/4 xícara de chocolate em pó
1/4 xícara de cacau em pó
1 xícara de água quente
1 colher (sopa) de fermento em pó

Primeiro, pré-aqueça o forno a 180ºC. Peneire a farinha, o chocolate em pó e o cacau em pó, para que eles fiquem aerados e livres de bolinhas. Acrescente o açúcar aos secos. Agora vem o segredo da fofura desse bolo: coloque os ovos na batedeira e bata até que forme uma massa clara e fofa. Quando chegar neste ponto, acrescente o óleo em fio, pela borda da tigela. Esse procedimento irá ajudar a massa a crescer e a ficar musa, bem aerada e fofinha. Com toda a paciência que você desenvolveu na época da internet discada, junte os secos à mistura de ovos, intercalando com a água quente. Procure trabalhar o menos possível a massa, para que ela não perca suas borbulhas de amor bolhas de ar. Por fim, coloque o fermento. Derrame em uma forma retangular untada com manteiga, polvilhe chocolate em pó e leve ao forno por 30 minutos (ou até o palito sair limpinho).

Cobertura

1 lata de leite condensado
3/4 caixinha de creme de leite
200g de chocolate meio amargo
Confeitos de chocolate belga

Enquanto o bolo estiver assando, aproveite o tempo pra ver uma série no Netflix fazer o brigadeiro. Coloque o leite condensado e o chocolate picado dentro de uma panela. Em fogo alto, mexa bem com uma espátula até que o chocolate derreta. Baixe o fogo e continue mexendo, sem esquecer nenhum cantinho. Quando seu braço estiver doendo a massa desgrudar do fundo da panela, desligue e acrescente o creme de leite. Eu costumo furar o bolo com um garfo e jogar a cobertura ainda morna por cima, mas você pode deixar ela em um pote separado e servir individualmente. A ideia de colocar o brigadeiro num copinho de ágata não ficou um amor? O que sobrar, dá pra lamber comer de colher <3.

Dicas

1. Não deixe de fazer o bolo se não tiver cacau em pó em casa: é só usar uma xícara de chocolate em pó em vez de 3/4;

2. Faça a sua cobertura preferida, não se prenda a esse brigadeiro maravilhoso (mentira, se prenda sim, ele é imbatível);

3. “Posso fazer o bolo sem batedeira?” Sim, mas daí precisa se garantir no muque;

4. Você pode untar com manteiga e farinha, mas seu bolo ficará feio branco nas bordas;

5. Para fazer o brigadeiro, dê preferência para panelas de fundo triplo ou de ferro esmaltado, pois elas distribuem melhor o calor e cozinham de forma mais homogênea;

6. Para saber se o brigadeiro está pronto, basta inclinar a panela. Se ele escorrer e deixar o fundo transparecer, está pronto. Não deixe ele mais tempo que isso, pois poderá embolotar e ficar puxa-puxa (há quem goste, sem julgamentos);

Fontes: ¹Chabad Revista Galileu