terça-feira, março 19, 2024

Arroz arbóreo doce

Arroz arbóreo doce

Há quem confunda simples com simplório. No universo da comida, simples é aquele prato fácil de fazer, com ingredientes acessíveis, cujo sabor é apurado, mas que remete ao cotidiano, à comidinha caseira do dia a dia – simplesmente delicioso; simplório é o mesmo prato simples, mas feito de qualquer jeito, sem cuidado, com ingredientes de baixa qualidade, cujo sabor não é memorável – simploriamente detestável. Esse doce não será encontrado em tenebrosas mesas de buffet, mas também não será vislumbrado em gloriosos banquetes da realeza. Sobremesa modesta, porém deleitável, merece ser servida depois do almoço preguiçoso de domingo: uma simples e agradável surpresa para fechar a refeição.

O arroz doce é um prato antigo, desfrutado por pessoas das mais variadas culturas e cuisines. Esse alimento se origina das sopas de grãos feitas por cozinheiros do Oriente Médio. É bastante associada à boa nutrição e à fácil digestão, sendo recomendada àqueles com problemas estomacais.¹

Ah, espera um pouco: que imensa injustiça que esse pessoal antigo cometia com o arroz doce. Por sua textura cremosa e seu sabor delicado, era considerado alimento de enfermo. Ainda bem que o povo nórdico desfez esse grande mal entendido e transformou-o em uma refeição especial: o risalamande, por exemplo, não pode faltar na ceia dos dinamarqueses. Países como Finlândia, Suécia e Noruega têm até uma brincadeira tradicional feita com o arroz doce: uma amêndoa é escondida entre os grãos, e a pessoa que encontrá-la terá sorte para o resto do ano.

Você não precisa ficar enfermo nem esperar uma data especial para apreciar esse prato simples (mas não simplório): sorte mesmo é poder saboreá-lo quando quiser.

Arroz arbóreo doce

1 xícara de arroz arbóreo
750ml de leite integral
250ml de água
1 lata de leite condensado
1 colher (sopa) de manteiga
q.b. vinho branco

Para começar, separe uma taça de vinho para tomar enquanto cozinha – digamos que é um presente por você doar 40 minutos ininterruptos da sua vida à culinária. Derreta a manteiga e acrescente o arroz. Quando ele estiver refogado, coloque o vinho e deixe reduzir, mexendo sempre (sempre mesmo, larga esse celular e não se faça de desentendido). Acrescente o leite aos poucos e – adivinhe? – mexa, sempre deixando secar antes de acrescentar mais líquido (esse processo solta bem o amido, deixando uma textura irresistivelmente cremosa). Se o leite acabar e o grão ainda não estiver no ponto que você deseja, acrescente a água e siga o mesmo procedimento. Quando estiver pronto, coloque o leite condensado, dê mais uma mexida malandra, e desligue o fogo. Sirva em panelinhas individuais com canela em pó.

Dicas

1. A água pode ser substituída pela mesma quantidade de leite;
2. O vinho não é obrigatório, é mais pra dar aquela firula mesmo. Eu coloquei bem pouco, pois não queria que ficasse com um sabor pronunciado, mas você pode colocar a quantidade que achar apropriada;
3. A quantidade de leite condensado é relativa, depende muito do grau formiguístico de cada um. Eu coloquei um pouco mais que uma lata, mas acredito que uma seja o suficiente;
4. O arroz arbóreo pode ser substituído por arroz comum, mas eu, particularmente, não cometeria essa atrocidade;
5. O ponto do arroz depende do gosto pessoal: eu deixei ele um pouco mais mole que al dente, pois achei que combina mais com o doce;
6. Você pode saborizar o arroz arbóreo doce com especiarias, como canela em pau, cravo e fava de baunilha – é só colocar logo no início do processo, e retirar quando o sabor estiver do seu agrado;

Arroz arbóreo doce

¹Fonte: http://www.foodtimeline.org/

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